30 de nov. de 2014

DIA 30 – DESERTO DO ATACAMA, CHILE

Acordamos no domingo cedo e nos preparamos para partir. A senhora nos ofereceu café da manhã com chá e pães com manteiga. Antes de irmos embora ela saiu e voltou com um saco de azeitonas pretas e uma garrafa de água mineral. Juntou aos lanches que havia preparados para nós para a viagem e nos entregou. Exatamente como uma avó faz. Agradecemos, nos despedimos e pegamos a reta.
Passamos o dia como nada ao nosso redor a não ser areia e pedras. Os ventos fortes e redemoinhos de areia eram assustadores. A cada 100 kms fazíamos uma parada rápida para esticarmos as pernas e dar um descanso pra moto. O dia se manteve o mesmo durante todos os 409 kms que percorremos. No entardecer resolvemos parar, pois a próxima cidade estava muito longe. Avistamos um estabelecimento abandonado. Parei a moto na lateral e fomos investigar. Aparentemente era uma pousada chamada La Bamba, toda feita de madeira com todas as portas e janelas bloqueadas, exceto duas portas laterais que davam para quartinhos que dentro tinham camas velhas enferrujadas e outros itens que davam à situação um ar de filme de terror. Porém, eu podia ver que dentro da pousada seria (aparentemente) seguro para passarmos a noite (e grátis). A única forma de entrar seria através de uma janelinha minúscula do quartinho exterior, que daria acesso ao interior da casa. Como a Mel rejeitou prontamente entrar sozinha, eu tive que respirar fundo, fazer o sinal da cruz e me espremer para passar pela janela. Quando entrei senti um calafrio e pude ver que Hollywood iria adorar fazer um filme ali. Tinham coisas que pareciam ser dos anos 70 e 80 e tudo com cinco dedos de poeira preta. Teias de aranha por todos os lados construídas pelas avós das aranhas que lá estavam. Da sala onde eu estava (que parecia ser uma garagem de tranqueiras) a única porta estava bloqueada com uma corrente grossa e toda enferrujada. Fiz como aprendi nos video-games, peguei uma pá e fui batendo até arrebentar a corrente da porta. Esta porta deu acesso a uma sala menor que tinham mais três portas. Uma que chutei até abrir, a segunda dava para o exterior onde Mel estava. Tirei a barra de ferro que a bloqueava e saí para trazer Mel. Ela fez uma cara como se estivéssemos na mansão da família Adams. Investigamos o resto da pousada, cozinha ainda com os utensílios, quartos com coisas antigas e a recepção com uma cruz feita de palha na parede. Tudo com cinco dedos de pó e uma colonização generalizada de aranhas grandes. Chegamos à conclusão que nenhum de nós dois iria conseguir dormir tranquilo naquele lugar.

Bem em frente à casa abandonada estava outra pousada, porém não abandonada e funcionando. Resolvi atravessar a pista e ir perguntar o preço. 15 mil pesos (60 reais) por um alojamento sem nada além da cama e sem aquecimento. O lugar também não tinha água quente. Fazer o que... Não tínhamos alternativa. Hospedamos-nos lá e gastamos mais 10 reais cada no jantar. Esse pelo menos valeu a pena. Tanto no Chile quanto no Peru existe a opção de refeição chamada menú, que consiste em um prato de entrada (que normalmente é sopa com batata cozida e pães) e outro prato com a refeição principal. Depois do jantar fomos para cama. A Mel capotou rápido enquanto eu fiquei assistindo um filme no notebook. Perto da meia noite fui ao banheiro e pude notar o céu forrado de estrelas. Fui pegar a câmera e pude registrar algumas fotos.












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