No nosso último dia empacados em El Volcan acordamos tarde, às 11 da
manhã. O camping estava vazio, todos haviam ido conhecer o rio que atravessa as
montanhas da região. Perguntamos a Jorge se o lugar valia a pena conhecer e se
era possível nadar, ele respondeu que sim e disse que era bem fundo. Também
disse que ficava a apenas 400 metros do camping, seguindo a ruta perto de lá.
Sendo assim, nos preparamos e fomos a pé.
Mil e quinhentos metros depois avistamos o centro turístico, pois não
tínhamos visto nem sinal do rio. O rapaz no centro turístico nos entregou
panfletos com mapas e passou cinco minutos explicando tudo numa velocidade que
tornava quase impossível o entender. Também nos deu um adesivo, que colei na
moto. Seguindo as direções do mapa encontramos o bendito rio. Havia muitas
famílias fazendo churrasco e com o som do carro ligado e de fato havia pessoas
nadando lá. Pessoas todas com menos de doze anos de idade e com a água não
passando de seus joelhos. Após a decepção voltamos para o camping. A recompensa
veio no caminho de volta, avistamos pela rua perto do camping árvores
frutíferas com damasco, amoras e cereja. Apanhamos mais de dois quilos de tudo
e voltamos garantindo o café da tarde.
No almoço Jorge nos convidou para comer pão com presunto e queijo.
Aceitamos, afinal ainda não tínhamos dinheiro. Após comermos peguei a moto e
fui até a rua perto onde havia wi-fi aberto. Verifiquei que havíamos recebido
400 reais com as doações dos amigos do Facebook (graças a Deus) e com isso fui
até o Wal Mart da cidade na esperança de conseguir sacar a grana de algum caixa
eletrônico, enquanto Mel ficou dormindo na barraca. Quinze quilômetros depois
encontrei o Wal-Mart e com um sorriso imenso saquei o dinheiro num caixa
eletronico do City Bank. Aproveitei e já comprei óleo para a moto, álcool para nossa
espiriteira (muito caro) e sopinhas para os próximos dias. No caminho de volta
notei que o GPS estava mostrando o caminho mais longo para evitar a estrada de
rípio. Ignorando suas direções fiz meu próprio caminho pelo que sabia das
redondezas. Numa curva acentuada, já no vilarejo, a moto escorregou e levei um
belo de um tombo. Havia areia na pista e eu nem notei. Com o tombo o alforge
direito amassou, a gasolina vazou do tanque e eu ralei a mão e o joelho
esquerdo, pois foi ele que freou o tombo. O asfalto levou um pedaço de minha
calça e do meu joelho. Prontamente surgiram pessoas que há um segundo não
estavam lá, e começaram a me ajudar. Levantaram a moto, desamassaram o alforge,
a levaram para uma garagem ao lado e me levaram para lá também. Limparam meu
machucado e ofereceram me levar ao hospital. Eu disse que não havia necessidade
pois tinha um kit de primeiros socorros no camping. Antes de subir na moto e
partir todos quiseram tirar fotos comigo e pediram meu Facebook.
Quando voltei ao camping Mel assustada com o resultado do tombo me
ajudou e fez um curativo em mim. Tomei banho e recebemos um convite de Jorge
para comer pizza. Disse que faria várias. Falei para ele que adorava pizza, mas
não comia queijo e ele disse que tudo bem. Fui criando mentalmente várias
imagens de pizza regada à calabresa, presunto, atum, ovos e tudo mais (exceto
queijo). Como o frio era intenso ele e sua esposa nos convidaram para entrarmos
em sua casa e comermos lá. Esperamos por pouco mais de uma hora enquanto
prepararam sete pizzas para sete pessoas, Todas com muito queijo. Fiquei na
mesa olhando com fome e tristeza enquanto todos se deliciavam com as pizzas. Fomos
dormir, eu um pouco triste pelo ocorrido, mas prontos para seguir viagem no dia
seguinte.
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